Exposição Virtual de Imagens e Textos:
"No creo en brujas":
A Demonização das Mulheres através dos Séculos
APRESENTAÇÃO
É com grande satisfação que o Laboratório de Pesquisas e Estudos Medievais da Universidade Federal do Pampa (LAPEHME/UNIPAMPA) apresenta a sua IV Exposição Virtual de Imagens e Textos “No Creo en Brujas”: A Demonização da Mulher Através dos Séculos. Nesta edição os integrantes do Laboratório se dedicaram a criar três Galerias para apresentar um pouco da história da bruxaria na cultura Ocidental. Uma Galeria Cronológica, abarcando Antiguidade, Medievo e Modernidade; uma Galeria Temática, onde serão representadas questões específicas ao “mundo brujeril” e uma Galeria Contemporânea, na qual constam representações cinematográficas das bruxas. Desde a Antiguidade diferentes culturas acreditavam na existência da Feitiçaria e Magia, em pessoas que, através de conhecimentos ancestrais e poderes sobrenaturais, eram capazes de interferir na natureza e produzir encantamentos, para fazer o bem e o mal, curar ou matar. Indivíduos que conseguiam se metamorfosear e tinham a capacidade de prever o futuro e a habilidade de entrar em contato com os mortos, convocar e dominar espíritos e demônios. Com o advento e ascensão do cristianismo, progressivamente, todas essas características passaram a integrar a Bruxaria, na qual se consolidou o imaginário da mulher como depositária de estigma maligno. A Idade Moderna determinou o paradigma satânico da vinculação da mulher com o Demônio, dando início ao que ficou conhecido como Caça às Bruxas.
Ao longo da História, a necessidade de criação de “bodes expiatórios” sempre foi uma constante para as estruturas de poder. A demonização corresponde à ação de impor características essenciais da maldade e perversidade demoníaca a indivíduos ou grupos, quase sempre marginais. Os demonizados passam a ser acusados de ações malignas, que prejudicam a sociedade como um todo. Neste caso, cabe as autoridades instituídas não apenas o direito, mas o (sagrado) dever de identificar e extirpar tais agentes do seio da comunidade, restituindo o equilíbrio e a segurança. Determinadas característica fundamentais sobre as Bruxas foram definidas e cristalizadas nos tratados de Demonologia e nos Manuais da Inquisição, reproduzidos, certificados e aprimorados durante séculos e assumidos como verdadeiros pelos encarregados das perseguições e pelo povo. Criaram-se estereótipos sobre as Bruxas e sua “Missa Profana”, o Sabá, adotados como reais pelas comunidades e pela justiça. Essas crenças, geradas pelas instituições de poder, pelo saber popular ou pela síntese entre os dois, passaram a afetar diretamente o funcionamento das sociedades que temiam possíveis saberes e poderes de conjurações e malefícios. Os teólogos do século XV aperfeiçoaram e fixaram a imagem definitiva da Bruxaria Satânica com a definição do Pacto com o Diabo e a Realidade dos Poderes Mágicos. A prolongada construção da imagem das Bruxas conduziu para que elas se tornassem o avesso absoluto dos preceitos da cristandade, sendo odiadas e temidas. Mulheres que foram Demonizadas. A sociedade e, principalmente, a instituição Igreja, através de sua intelectualidade, buscou centralizar nessas personagens tudo o que havia de mais abjeto, nocivo e hediondo, em corpo, alma e atos, para que elas se transformassem na própria personificação do Mal sobre a terra. Esta foi uma forma, extremamente eficaz, de marginalização e controle dessas mulheres e, logo, de gerar desamparo frente as acusações, processos e punições (RICHARDS, 1997; GUINZBURG, 2007).