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PALESTRANTES

29.11.2021, SEGUNDA-FEIRA, 19H

Prof. Dr. Leandro Duarte Rust*

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Tramas de ninguendade: por uma teoria histórica da violência medieval

Quando se trata da violência medieval, o contorno da evidência costuma ser traçado imediatamente. Com aparente facilidade, assumimos que as narrativas de época nos franqueiam os acontecimentos como um conjunto de dados. Que ao pousar os olhos sobre um relato milenar, cabe reagir ao texto, pois a violência “está aí”; já estaria nitidamente colocada em cena. Alguém pode disputar seu sentido, não sua trama e dimensões. Debater tal certeza é o objetivo que move esta apresentação. Procurarei demonstrar duas constatações. Primeiro, que relatos sobre a violência nos colocam diante de uma ontologia subjetiva, não meramente objetiva. Segundo, e ainda mais importante, que a percepção do ato ou comportamento violento é uma recorrência – não apenas uma ocorrência – no interior de uma cadeia de eventos que constituem os campos de reconhecimento e visibilidade da existência social. Em cada momento, buscarei pensar o trabalho do tempo sobre o estudo da violência a partir do diálogo com a obra de um importante nome do pensamento social brasileiro: Darcy Ribeiro.

*Leandro Duarte Rust possui graduação em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2003), Mestrado em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2005), doutorado pela Universidade Federal Fluminense (2010), pós-doutorado pela Universidade de São Paulo (2012) e pela Catholic University of America, em Washington (2016). É professor do departamento de História da Universidade de Brasília. Foi professor da Universidade Federal de Mato Grosso (2009-2019) e professor visitante na Universidade Federal de Minas Gerais (2012). Foi editor-chefe da Signum - Revista da ABREM (2009-2013) e da Revista Territórios & Fronteiras (2010-2015). Dedica-se a pesquisas sobre História Medieval, História do Papado e História da Violência.

30.11.2021, TERÇA-FEIRA, 19H

Prof. Dr. Luiz Alexandre Solano Rossi*

A fabricação da imagem pública dos reis mesopotâmicos: a divindade por trás do poder

Na Mesopotâmia o rei e a divindade são realidades que se aproximam simbioticamente; terra e céu são realidades pensadas simultaneamente e, porque não dizer que a realidade terrena se apresenta como se fosse um reflexo da realidade celestial, ou seja, o que acontece no céu é reproduzido na terra. O rei, divinizado, além de seu corpo mortal, assume um corpo simbólico a partir do qual exercerá seu poder. De forma específica, na Assíria, a ideia de poder se encontra sempre próximo da convivência com as divindades. O rei é a própria imagem de um poder sacralizado e absoluto legitimado pela proteção divina. O rei e os deuses se encontram em permanente diálogo. Assim, o rei é hermeneuta da vontade dos deuses ao representar a realeza divina no plano terrestre.

*Luiz Alexandre Solano Rossi possui graduação em Teologia - Seminário Teológico de Londrina (1988), mestrado em Teologia pelo Instituto Superior Evangélico de Estudos Teológicos - ISEDET (1996), doutorado em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (1999) e pós-doutorado em História Antiga pela UNICAMP (2004 e em Teologia pelo Fuller Theological Seminary (2006). Pesquisador nos seguintes temas: literatura profética e sapiencial; arqueologia e teologia bíblica. Atualmente é professor-adjunto na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) no programa do Mestrado e Doutorado em Teologia e na UNINTER (Centro Universitário Internacional); Professor visitante no Instituto de Filosofia e Teologia do Timor Leste. Editor-chefe da Revista Estudos Bíblicos, membro do conselho científico da revista Caminhos (PUCGO), da revista Pistis & Práxis (PUCPR); da Revista Reflexus (Faculdade Unida), da ReBiblica (PUC-Rio), do Caderno UNINTER e membro do conselho do Comentário Bíblico Latino-americano.

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01.12.2021, QUARTA-FEIRA, 19H

Profª. Drª. Maria Dailza da Conceição Fagundes*

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A medicina Castrense no reino de Aragão: os cuidados médicos em tempos de guerra.

Neste trabalho, a proposta centra-se no estudo sobre questões atinentes aos cuidados médicos em momentos de campanhas militares a partir da análise da obra Regimen Castra Sequentium (1310) de Arnaldo de Vilanova (1240-1311). O objetivo do físico catalão, ao compor esse regimento, era fornecer preceitos práticos direcionados à conservação da saúde do monarca Jaime II (1267-1327) de Aragão e a de seus guerreiros que, desde o verão de 1309, sitiavam a cidade muçulmana de Almeria no processo de Reconquista contra o reino muçulmano de Granada. Além dos preceitos dietéticos, identificam-se na obra as seguintes temáticas: onde armar o acampamento, como identificar água boa para o consumo, a necessidade de se enterrar os mortos e resíduos de animais e os tratamentos e remédios contra peste e febres.

*Maria Dailza da Conceição Fagundes é doutora e mestra em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Professora de História Medieval na Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Cora Coralina, docente e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais, Memória e Patrimônio (PROMEP/UEG). É pesquisadora sobre temáticas na área de História medieval com ênfase em História da medicina, Universidades, Saúde e doenças, alimentação e História das mulheres. O campo de atuação abrange também o estudo acerca de Educação patrimonial e patrimônio cultural da saúde..

02.12.2021, QUINTA-FEIRA, 19H

Profª. Drª. Tais Pagoto Bélo*

O estupro e outras violências na rebelião de Boudica

O tema dessa conferência pode ser tido como propício ao momento pandêmico atual, em virtude do fato que a violência contra a mulher tem sido alarmante durante a reclusão, além de que a reconstituição do passado está fundamentalmente localizada dentro do contexto do presente. Dessa forma, será enfatizado o episódio sobre a rebelião de Boudica, uma rainha britã, da tribo dos iceni, que liderou um exército contra os romanos depois de ter negado a entrega de suas terras; o que levou ao estupro de suas duas filhas e ao seu açoitamento, em 60 e/ou 61 d.C.

A explanação demonstrará pontos de vistas de pesquisadoras sobre o ato ocorrido com Boudica e suas filhas, como o de M. Aldhouse-Green (2006) e M. Johnson (2012). E, de outra maneira, será questionado o motivo pelo qual os autores antigos enfatizaram violência tão hedionda em suas obras, a qual está descrita nos trabalhos de Tácito, “A vida de Agrícola” e “Anais;” como também na “História de Roma,” de Dião Cássio. Consequentemente, será ressaltado os estupros dos mitos de origem romanos para se evidenciar a perspectiva que tinham sobre tal violência e, assim conectar o conceito romano com o evento acontecido na província da Britannia. Recepções posteriores da personagem também poderão ser elencadas.

*Tais Pagoto Bélo possui graduação em História, pela Universidade Estadual Paulista. É Mestre em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE/USP). É Doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com estágio na Universidade de St. Andrews (Escócia). Em seu primeiro pós-doutoramento foi concluído pelo Institute of Archaeology, da University College London, em Arqueologia Pública. Seu segundo pós-doutoramento foi desenvolvido na Unicamp. Atualmente, a estudiosa está em seu terceiro pós-doutorado, com o tema relacionado à força das Mulheres Imperiais através das moedas, desenvolvido no MAE/USP. A acadêmica faz parte dos seguintes grupos de estudo: Messalinas: Grupo de Estudos sobre Gênero e Sexualidade na Antiguidade (LEIR/USP); Numismática Antiga (MAE/USP). Também é membro do Laboratório de Arqueologia Romana Provincial (MAE/USP).

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03.12.2021, SEXTA-FEIRA, 19H

Profª. Drª. Néri de Barros Almeida*

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Viver em tempo de crise. A viagem de Riccoldo de Monte Croce ao Oriente Médio (1288-1300)

Entre 1288 e 1300 o dominicano florentino Riccoldo de Monte Croce realizou viagem à Terra Santa e a outras regiões do Oriente Médio, chegando até Bagdá. O momento histórico dramático, marcado pela bancarrota do Reino Latino e pela soberania mongol sobre diferentes povos da região, constitui o pano de fundo de alguns escritos de Riccoldo. Procuraremos identificar no relato de sua peregrinação e em suas cartas, os marcadores por meio dos quais esse contexto convulsivo foi registrado, com o objetivo de levantarmos hipóteses sobre como sociedades do período reagiam a crises.

*Néri de Barros Almeida é Professora Titular da Universidade Estadual de Campinas. Graduada em História pela Universidade de São Paulo é doutora em História Social pela mesma instituição e livre docente pela Universidade Estadual de Campinas. Realizou pesquisas de pós-doutorado nas universidades do Porto (Portugal) e Lyon 2 (França) e no Centre Nationale de la Recherche Scientifique (CNRS/França). Atualmente é Professora junto ao Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/UNICAMP). É coordenadora do núcleo UNICAMP do Laboratório de Estudos Medievais (LEME). Dedica-se ao estudo das reformas monástica e papal dos séculos X-XIII, à produção da memória histórica e à abordagem comparativa da paz e da violência na Idade Média.

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