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Apresentação

 Com grande satisfação o Laboratório de Pesquisas e Estudos em História Medieval, da Universidade Federal do Pampa (LAPEHME/UNIPAMPA) apresenta a Exposição Virtual de Imagens e Textos – A Grande Peste. O foco principal deste trabalho encontra-se na pandemia de Peste Bubônica do século XIV, na Europa, embora também exponha representações de outras temporalidades. Composta por 64 imagens, em sua maioria pertencentes aos séculos XIV e XV, distribuídas em 12 seções temáticas, a Exposição é fruto do trabalho paciencioso de “garimpo”, sobre recursos imagéticos disponíveis em sites de museus, arquivos, bibliotecas e galerias online de várias partes do mundo. A proposta é contar visualmente as principais características da Grande Peste europeia do século XIV, bem como algumas de suas reincidências posteriores, pelo menos até o século XVIII. Possivelmente, o surto desta doença teve sua origem nas planícies da Ásia Central, onde habitavam, de forma endêmica, ratos com pulgas que continham a bactéria Yersinia Pestis, causadora da Peste Bubônica. A praga se espalhou para o Mar Negro, alcançando a península da Criméia, onde, na cidade portuária de Caffa (atual Teodósia/Ucrânia), marinheiros e embarcações genovesas foram infectados e retornaram à península itálica, disseminando o contágio pelo continente. Em quatro anos de surto, a Peste Bubônica cobrou pelo menos 1/3 das vidas da Europa, cerca de 25 milhões de pessoas. O terror, a desestrutura social, a desesperança e a profunda intimidade com a morte ficaram indelevelmente marcados em diversos registros imagéticos, que a partir de agora passamos a apresentar e comentar.
     As epidemias fazem parte da vida e morte na trajetória dos seres humanos, desde tempos muito remotos. Varíola, tifo, cólera, malária, lepra, entre tantas outras, foram realidades conhecidas e temidas durante milênios. Recentemente, uma equipe de geneticistas suecos, dinamarqueses e franceses identificaram, na Suécia, o que pode ser o primeiro grande surto de Peste, provocado pela bactéria Yersinia pestis, há cerca de cinco mil anos. Dois cadáveres foram encontrados, contendo em seus ossos traços genéticos que identificam a vertente pulmonar desta doença (altamente letal). Por volta de 5000 anos atrás, a população do continente europeu teve um decréscimo entre 30% e 60%, o que poderia indicar a primeira pandemia da história da humanidade. Desde a Antiguidade, as expressões “Praga” e “Peste” eram utilizadas de maneira genérica para identificar toda forma de doença contagiosa e mortífera, que se espalhava rapidamente, atacando grande parte da população. Apenas como alguns exemplos, temos em 428 a.C. a praga de febre tifoide que acometeu Atenas, fato narrado por Tucídides em sua “História da Guerra do Peloponeso”. Em 166 d.C. e 189 d.C., em Roma, ocorreu a peste Antonina, registrada por Cláudio Galeno. De 251 a 266 d.C., um surto de peste que surgiu no Egito e se espalhou pela Grécia, Itália e todo norte da África, devastando o Império Romano, descrita pelo bispo Cipriano de Cartago. Entre 541 e 544 d.C., a peste Justiniana se propagou no Império Bizantino, assolando toda costa mediterrânica e o Império Persa. Durante um século de persistência dos surtos, milhões de pessoas morreram. Essa pandemia de peste bubônica foi registrada por Procópio de Cesarea, na obra “História das Guerras”. Em 1348, após 800 anos, a peste bubônica retornou à Europa. Depois de tanto tempo ela ressurgiu como uma surpresa, para a qual a população não tinha resistência biológica.  Este surto, que voltou a reincidir durante séculos em diferentes regiões da Europa, ficou conhecido como
A Grande Peste (REZENDE, 2009; DOMINGUEZ, 2018).

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