top of page

PALESTRANTES

21 de novembro às 19h

Prof. Dr. Gilberto da Silva Francisco* 

“‘Quem eram os egípcios?’ A contranarrativa afrocentrada entre Heródoto e Cheikh Anta Diop.”

A perspectiva afrocêntrica entende o Egito antigo como o objeto mais importante no seu projeto narrativo de reformular a narrativa da história do Ocidente a partir da tríade pan-africanidade, negritude e civilização. Um de seus principais nomes, o intelectual senegalês Cheikh Anta Diop, concentrou seus esforços na re-interpretação sobre o Egito antigo, a partir de um conjunto de fontes muito variado e abordagem interdisciplinar. Nesta apresentação, discutirei o uso que ele fez das fontes gregas e bíblicas a partir de um caso específico: a mobilização da História de Heródoto, mais precisamente a descrição física sobre os egípcios. Partindo do título do primeiro capítulo (Quem eram os egípcios?) da obra de Diop, Nations nègres et culture : de l'Antiquité nègre égyptienne aux problèmes culturels de l'Afrique noire d'aujourd'hui de 1952 e algumas reformulações posteriores, proponho uma observação sobre os critérios interpretativos desenvolvidos a partir da análise de fontes antigas e da historiografia e conceitos raciais recentes, seus limites, mas também as possibilidades de desenvolvimento de algumas questões considerando pontos fixados por Diop na reconstrução da narrativa sobre a experiência egípcia antiga.

servletrecuperafoto (2).gif

* Possui graduação em História (Bacharelado - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo - FFLCH/USP; Licenciatura - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - FE/USP) - 2000 a 2004, graduação em Letras (Bacharelado - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo - FFLCH/USP) - 2007 a 2011 (interrompido); mestrado em Arqueologia (Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo) - 2004 a 2007, e doutorado em Arqueologia (Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo) - 2007 a 2012; com períodos de Estágio no Exterior (École Française dAthènes - EFA -, Grécia; e École de Hautes Études en Sciences Sociales - EHESS - França) - 2004, 2006, 2008 e 2010-2011. Tem experiência na área de Arqueologia, com ênfase em Arqueologia Clássica e Arqueologia Histórica, atuando principalmente nos seguintes temas: Arqueologia grega e História Antiga Afro-conectada. Atualmente é professor Adjunto Nível I (UNIFESP, campus Guarulhos); Vice-coordenador do curso de especialização? As Áfricas e suas diásporas? (UAB/UNIFESP/CAPES); Membro Sênior (ancien membre) da École Française dAthènes, Grécia, responsável pelo projeto "Heraion de Delos".

Prof. Dr. Fábio A. Morales Soares* 

“A grande inversão: o período helenístico na História Global (330-30 aC)"

O recente encontro entre a História Antiga e a História Global tem rendido frutos: estudos de história comparada, conectada e/ou integrada, voltados para diversos períodos e com base em diversos tipos documentais, têm discutido modelos baseados nas categorias de globalização/glocalização, mundo, fronteiras e integração. O objetivo desta palestra é refletir sobre tais modelos, discutindo suas possibilidades e suas possibilidades para a construção de novas interpretações sobre o período helenístico (c. 330-30 a. C), entendido não como fase de decadência da cultura grega ou, inversamente, de helenização dos não-gregos, mas como um marco na história da integração entre o Mediterrâneo e o Oriente Próximo na longa duração.

capture-20221102-204433.png

* Desde 2018, é Professor Adjunto de História Antiga do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina, além de docente-pesquisador permanente do Programa de Pós-Graduação em História da mesma universidade. É bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo (2005), onde também obteve o título de mestre (2009) e doutor (2015) em História Social. Sua dissertação, intitulada "A democracia ateniense pelo avesso", recebeu o Prêmio de melhor dissertação em História Social da USP em 2010; sua tese, "Atenas e o Mediterrâneo romano (sécs. II a.C.-I d.C.)", recebeu o Prêmio de melhor tese em História Social da USP em 2016. Publicou, em 2014, o livro "A democracia ateniense pelo avesso", pela Edusp. Atualmente, desenvolve pesquisas sobre o período helenístico na chave da História Global, com ênfase na relação entre ambeinte, cidades e impérios no Mediterrâneo Oriental. É atualmente Coordenador do Programa de Pós-Graduação em História da UFSC (desde 2020), Coordenador de Extensão do Departamento de História da UFSC (desde 2018), membro do Conselho Editorial da EDUFSC (desde 2019) e membro do Conselho Executivo da "Revista Esboços: histórias em contextos globais" (desde 2018), e co-responsável pelo projeto de extensão Lugares da Religião em Florianópolis (junto do Prof. Dr. Alex Degan). Finalmente, coordena, junto do Prof. Dr. Alex Degan, o "MITHRA - Laboratório de História Antiga Global da UFSC", integra o Laboratório de História das Migrações e História Ambiental, coordenado por Eunice Nodari (UFSC); e é membro da equipe do projeto "Arqueologia de um santuário: o Heraion de Delos", coordenado por Gilberto da Silva Franciso (UNIFESP) junto à École Française dAthenes.

22 de novembro às 19h

Prof. Dr. Felix Jacome Neto* 

“Uma antiguidade racista? Aporias das origens pré-modernas do racismo”

Foram as sociedades gregas e romanas ‘racistas’? O conceito de ‘raça’ precede o racismo e teria sido concebido na Antiguidade? Uma recente produção historiográfica em língua inglesa vem respondendo a estas indagações de maneira afirmativa, advogando os usos dos conceitos de ‘raça’ e ‘racismo’ para explicar as dinâmicas etnocêntricas das culturas grega e romana. Veremos como esses (as) autores (as) definem esses termos, quais fontes utilizam e que tipo de “História das Ideias” está implicado na suas escritas da História. A palestra realçará a insuficiência de se conceituar o racismo como uma mera ideologia e o risco de se construir uma História do racismo impondo pensamentos, preocupações e práticas modernas sobre um passado que pode, de fato, ser um domínio estranho a tais concepções.

P_20191121_182028.jpg

* Professor Substituto de Língua e Literatura Grega da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pós-Doutor em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo (USP) com o Projeto de Pesquisa O tema da crise e salvação da cidade em Aristófanes e Eurípides sob supervisão do Dr. Christian Werner e bolsa FAPESP. Doutor em Estudos Clássicos, ramo Mundo Antigo, na Universidade de Coimbra, sob a orientação do Dr. Frederico Lourenço. Doutorado realizado sob financiamento da CAPES (Bolsa de Doutorado Pleno no Exterior). Mestre em Estudos Clássicos, ramo Mundo Antigo, na Universidade de Coimbra, sob orientação dos doutores Delfim Ferreira Leão e Maria do Céu Fialho. Graduado em História na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Membro do Grupo de Pesquisa Estudos sobre o Teatro Antigo (USP) e Democracia: discursos gregos, desafios atuais (USP) Fundador e organizador do website de divulgação científica: www.institutomundoantigo.com.br. Área de atuação: Estudos Clássicos (História Antiga, Línguas e literaturas clássicas, Filosofia antiga).

Profa. Dra. Aline Dias da Silveira* 

Imago Mundi e Consciência de Globalidade algumas reflexões"

Pretendo trazer o conceito de consciência de globalidade para a análise de culturas pré-modernas, tendo como objeto de estudo as crônicas cosmográficas medievais, tipificadas por Anne-Dorothee von den Brincken (1969), como imago mundi. Serão trazidos para a análise trechos da imago mundi do Atlas Catalão (1375) e do Libro de las Cruzes (1259), com foco nesse último.  A considerar a definição de consciência de globalidade de Roland Robertson (1999) como a percepção da conectividade e interdependência entre as partes e o todo, pretende-se evidenciar como, historicamente, essa compreensão do mundo foi experimentada e manifesta nesse tipo de fonte.

apresentação.jpeg

* Doutorado em História Medieval pela Universidade Humboldt de Berlim-Alemanha (2008). Mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2002). Tem experiência na área de História e Mitologia, com ênfase em História Medieval e Antiga, atuando principalmente nos seguintes temas: religião, filosofia, mitologia, ciência e política através de uma perspectiva das experiências temporais nos entrelaçamentos transculturais, histórias conectadas e história global. Também atua na área do Ensino de História e História Pública. Membro da Associação Brasileira de Estudos Medievais - ABREM e do Núcleo de Estudos Mediterrânicos - NEMED, bem como coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Medievais - MERIDIANUM - UFSC/CNPq. Professora Associada no Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina, atua também no Programa de Pós- Graduação em História e no PROFHistória dessa Universidade. Coordenadora da filial da Cátedra da UNESCO Mediterranean Cultural Landscapes and Communities of Knowledge University of Basilicata (UNIBAS) em Santa Catarina.

23 de novembro às 19h

Prof. Dr. Otávio Luiz Vieira Pinto* 

“Todos os caminhos levam a Mogadíscio: as Rotas Afro-Asiáticas e as formas de Descentralizar a Idade Média”

Essa fala terá por objetivo apresentar um panorama contextual, teórico e metodológico sobre aquilo que convencionamos chamar de ‘Idade Média não-europeia’ e seu papel dentro de uma historiografia mais ampla. Em primeiro lugar, colocaremos em xeque a própria utilidade do ‘Medieval’ enquanto efetivo recorte cronológico – apresentando-o mais como um fruto indissociável de uma genealogia de experiência romântica ocidental. Em seguida, questionaremos os temas e fontes usualmente colocadas como centrais para os estudos medievais, propondo assim que as rotas comerciais entre cidades da África e da Ásia ganham preponderância. Este movimento nos permite expandir escopos geográficos e apreender novas experiências históricas que podem facilmente alterar as implicações temporais, conceituais e historiográficas de ‘Idade Média’, criando então novos parâmetros historiográficos pré-Modernos

ver4.jpg

* Otávio Luiz é professor de História da África no Departamento de História da Universidade Federal do Paraná e no Programa de Pós-Graduação em História da mesma instituição. Possui doutorado em Estudos Medievais pela University of Leeds, no Reino Unido, e realizou estágio pós-doutoral em História da Pérsia na Universidade Federal Fluminense. Atualmente, dedica-se ao estudo das trocas materiais e simbólicas no Mundo Índico, especialmente no que diz respeito ao protagonismo do leste africano nesses espaços. Também possui interesse em estudos sobre Orientalismo, Branquitude e Racialidade Epistemológica em produções historiográficas"

Prof. Dr. Luciano J. Vianna* 

“Por uma decolonização da formação docente em História a partir da história da Península Ibérica no Medievo: algumas reflexões"

Nesta apresentação, voltamos nossa atenção para a formação de professores de História a partir da história da Península Ibérica no Medievo, realizando algumas reflexões sobre a formação docente e o ensino de História a partir de uma abordagem sobre a Península Ibérica Medieval. Também problematizamos alguns aspectos conceituais na formação docente a partir da disciplina citada, assim como as possibilidades de se trabalhar em termos interdisciplinares. Neste sentido, apresentamos algumas reflexões sobre as possibilidades de se formar professores a partir da discussão desta abordagem, envolvendo não somente uma análise documental de orientação curricular e de materiais didáticos, mas também destacando temas que orbitam a mesma e que são necessários no contexto da formação docente atual.

foto luciano (1).jpg

* Professor Adjunto da Universidade de Pernambuco (UPE)/Petrolina. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares (PPGFPPI) da UPE/Petrolina. Coordenador do Spatio Serti - Grupo de Estudos e Pesquisa em Medievalística (UPE/Petrolina - DGP/CNPq). Em 2021 organizou o livro intitulado "A História Medieval entre a formação de professores e o ensino na educação básica: experiências nacionais e internacionais" (Editora Autografia, 2021), disponível de forma gratuita no Instagram do Spatio Serti (@spatioserti).

bottom of page