PALESTRAS
• 19 de março (terça-feira) - 15h
A Cocanha e o Mundo às Avessas: Um País de Fartura, Preguiça, Sexo e Liberdade
Prof. Dr. Edison Cruxen (LAPEHME/UNIPAMPA)
“Cocanha uma terra imaginária, maravilhosa, uma inversão da realidade vivida, um sonho que projeta no futuro as expectativas do presente”. (FRANCO JR, 1998, p.10). A “Cocagne” ou “O País da Cocanha”, é um fabliau picardo, anônimo, surgido sob a forma oral no século XII, no Norte da França. Fabliaux são contos curtos, em versos, com características fantásticas, que objetivam a crítica social através da diversão. A Cocanha tem seu primeiro registro escrito por volta de 1250, onde apresenta a fabulosa vivência de seu autor em um maravilhoso país imaginário, repleto de prazeres carnais. Uma terra fenomenal, que desafia (ou ignora) as regras seculares, as imposições da Igreja e, até mesmo, as leis da natureza. Ao longo dos séculos o conto da Cocanha foi reescrito e ganhou diferentes versões, em diversos idiomas, com distintas perspectivas, mas sempre preservou a condenação à penitência, privação e subjugação.
• 20 de março (quarta-feira) - 15h
Os cátaros do Midi, séculos XII e XIII: uma via de paz, de fraternidade e de justiça entre os seres da Terra
Profa. Dra. Carlinda Fischer Mattos (Vesica Piscis)
Ao longo do século XII, e mesmo antes, muitas heresias surgiram e ressurgiram na Europa, Ocidental e Oriental. Mas uma, em particular, o catarismo, constituiu-se como uma forma diferente do enquadramento mental de referência, o catolicismo, abarcando comunidades inteiras, nos campos, nos castelos, nas cidades, nos vilarejos. Os cátaros viam o mundo material como a criação de um Deus mau, que se opunha ao Deus do espírito, infinitamente bom. Acreditavam na reencarnação das almas, até que estas conseguissem libertar-se das amarras deste mundo. Não reconheciam as castas sociais ou os gêneros, pois somos espíritos encarnados momentaneamente numa situação. Eram contra a caça e toda a forma de violência: opunham-se à guerra e não consumiam carne. Não submetiam suas demandas aos juízes desse mundo, pois ao invés de punir, preferiam converter. Praticavam a fraternidade diária, o amor que serve. Em 1209, diante do avanço da heresia, toca o alarme no mundo feudal e tem início o fim de uma das mais belas construções sociais da história da humanidade.
• 21 de março (quinta-feira) - 15h
Os franciscanos dos séculos XIII e XIV e o apostolado laico em tempos de heresias e Cruzadas
Pesquisador e Escritor Sérgio Luiz Gallina (Vesica Piscis)
Em 1207, em sua cidade-natal, Francisco de Assis deu início a uma aventura lírico-mística singular tendo Jesus como guia, mas promovendo entre os seus conterrâneos comoção e revolta: afinal, homem santo ou lunático?
Adepto da "irmã" pobreza, ele recebeu ajuda da população, mas, à medida que outros jovens se aproximaram para compartilhar a experiência, parte da comunidade de Assis se revoltou de maneira violenta levando Francisco a recorrer (1207) ao papa Inocêncio III. Desde então, protegidos pela Igreja, os franciscanos se dedicaram à pregação apostólica, ao desapego material, à vida espiritual, fraternal, a percorrer parte do mundo cristão e árabe a replicar a palavra e o exemplo do mestre Jesus.
Hoje, passados oito séculos da morte de Francisco de Assis (1226), quem foram os pioneiros dos séculos XIII e XIV? Como pensaram? Como agiram? Qual legado deixaram? Para isso, partiremos do nascimento de Francisco (1181) até o primeiro quartel do século XIV, cobrindo as principais personagens da história franciscana.