05 A 07 DE OUTUBRO DE 2020
ONLINE
III SEMANA INFERNAL
MAGIA: PROBLEMAS, FONTES, E REFLEXÕES HISTORIOGRÁFICAS
Profa. Dra. Aline Dias da Silveira*
LIVROS DE MAGIA COMO FENÔMENO TRANSCULTURAL: LIÇÃO I - COMO FAZER UM ANEL MÁGICO
Estudar a história da magia é lidar com uma encruzilhada de perspectivas e abordagens que passam pela cultura, religião, grupos sociais, política, simbologias e muitos outros aspectos. Em busca de compreender o movimento do saber na chamada Idade Média, este trabalho pretende apresentar e analisar os livros de magia medievais como fontes de um fenômeno transcultural. Este fenômeno transcende fronteiras regionais, linguísticas e religiosas, entrelaçando culturas e tradições em novas reelaborações. Especificamente, falaremos sobre a confecção do anel mágico de Mercúrio, descrita no Libro de Astromagia, elaborado na corte de Afonso X de Castela no século XIII. Analisaremos o poder atribuído às preces, ao material, às imagens, à relação astrológica e aos símbolos relacionados no anel, identificando as diversas tradições que se entrelaçam e se articulam na fonte, bem como os propósitos (expectativas) peculiares empregados nessa obra mágica. Por este caminho, é possível perceber como aspectos locais (as ressignificações e propósitos), inserem-se em aspectos globais (o movimento dos saberes pelos continentes asiático, africano e europeu).
*Aline Silveira tem Doutorado em História Medieval pela Universidade Humboldt de Berlim/Alemanha; Mestrado e Graduação em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Suas pesquisas em História Antiga e Medieval tem ênfase na Mitologia, relacionando religião, filosofia, ciência e política em uma perspectiva de histórias conectadas e história global. É coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Medievais (MERIDIANUM/UFSC) e coordenadora do GT ANPUH-SC de História Antiga e Medieval. Atua como Professora Associada do Departamento de História da UFSC, no Programa de Pós-Graduação em História e no PROFHistória da UFSC.
Profa. Dra. Dolores Puga*
DA BENESSE À REJEIÇÃO: UM DEBATE SOBRE REPRESENTAÇÕES DA PHARMAKIS DO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO À GRÉCIA CLÁSSICA
A apresentação suscita um debate acerca de algumas imagens socioculturais da praticante de magia na antiguidade (pharmakis em grego ático) a partir de documentações pontuais. É digno de nota que as perspectivas se transformaram de uma visão sobre as benesses advindas das práticas mágicas à olhares determinados por uma sociedade patriarcal que cristaliza olhares de rejeição à mulher que, por conhecimentos específicos de ervas, poderia usá-las para curar ou para matar em uma vingança – visão comum com o desenvolvimento da civilização helênica, sobretudo com o período clássico na Grécia. Cruza-se, assim, uma fonte imagética de Creta Minóica (a estatueta da Deusa das Serpentes de 1.600 a.C.) – local de bastante influência religiosa para a Grécia e que sofreu interferências culturais dos anatólios com antigas invasões –, com fontes textuais gregas como os poemas Odisseia de Homero e Teogonia de Hesíodo (ambos por volta de meados do século VIII a. C.) e a peça trágica Medeia de Eurípides (século V a. C.).
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*Dolores Puga é Doutora em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na linha Poder e Discurso. É mestre em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), na linha Linguagens, Estética e Hermenêutica e graduada na mesma instituição. Atualmente é Professora Adjunta do curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, atuando nos níveis de graduação e pós-graduação, lotada no Campus de Três Lagoas (UFMS/CPTL). É editora da Revista Acadêmica – Fato & Versões-Revista de História – vinculada ao Grupo de Pesquisa em que faz parte – História, Cultura e Sociedade. Líder do Grupo de Pesquisa História Antiga e Usos do Passado: novas perspectivas entre o passado e o presente e integrante do ATRIVM / UFMS – Espaço Interdisciplinar de Estudos da Antiguidade – todos atestados no CNPq.
Prof. Dr. Edison Bisso Cruxen*
BRUXAS, AQUELARRES E O FASCÍNIO OBSCURO NA OBRA DE FRANCISCO GOYA
Parte da obra do pintor e gravador espanhol Francisco José de Goya y Lucientes (1746-1828) está dedicada a representação de bruxas, sabás, demônios, criaturas grotescas e um fascinante mundo obscuro. Estas obras registram as tradições populares e criticam os poderes seculares e religiosos (Igreja e Inquisição), estabelecendo oposição entre luz e sombras, obscurantismo e iluminação.
*Edison Cruxen é doutor em História pela PUCRS; Mestre em Arqueologia pela PUCRS; Graduado em História pela UFRGS; Professor Adjunto do Curso de História da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) onde coordena o Laboratório de Estudos e Pesquisas em História Medieval (LAPEHME) e o Projeto de Pesquisa “Livrai-nos do Mal”: Estudos sobre Demonologia, Bruxaria, Paganismo e Heresias nas Idades Média e Moderna.Coordenador do Vesica Piscis - Grupo de Estudos em História Medieval
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Prof. Dr. Francisco de Mendonça Junior*
"ESSA É A MAIS PERFEITA E PRINCIPAL CIÊNCIA, A MAIS SAGRADA E SUBLIME ESPÉCIE DE FILOSOFIA": REFLEXÕES SOBRE A MAGIA NOS RENASCIMENTOS (SÉCULOS XV-VXI)
Essa comunicação discutirá as relações entre ciência e magia como forma de compreender e atuar no mundo, tendo como fontes de reflexão obras de magia dos séculos XV e XVI.
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*Francisco Mendonça Junior possui graduação em História (2005) pela Universidade Federal de Minas Gerais, mestrado (2009) e doutorado (2014) em História e Culturas Políticas pela mesma universidade, com a realização de estágio sanduíche na Université Paris-Est Créteil. Tem experiência na área de pesquisa em História, com ênfase em História Medieval, História do Renascimento, História do Esoterismo e História Política. É membro da Associação Brasileira de Estudos Medievais (ABREM). Atualmente ocupa o cargo de codiretor do Centro de Estudios sobre el Esoterismo Occidental de la UNASUR (CEEO-UNASUR), grupo de pesquisas afiliado a European Society for the Study of Western Esotericism (ESSWE). Dirige também a Revista Melancolia, vinculada ao CEEO-UNASUR. Desde 2019, é membro da Cátedra UNESCO-UFMG “Territorialidades e Humanidades: a Globalização das Luzes”. É professor adjunto do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde fundou e dirige o Virtù – Grupo de História Medieval e Renascentista.
Prof. Dr. Nicolas Weill-Parot*
MAGIA, RAZÓN Y CIENCIA EN LA EDAD MEDIA: VÍAS DE INVESTIGACIÓN
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En esta comunicación, me gustaría volver a la cuestión de la racionalidad tanto de las formas medievales de magia como de los modelos intelectuales utilizados para entenderlas.
*Nicolas Parot antigo aluno da École normale supérieure (Paris), doutor em História, antigo membro Júnior do Institut universitaire de France. É atualmente professor na École Pratique des Hautes Études (Paris), onde tem a cátedra "Histoire des sciences dans l'Occident médiéval". Suas pesquisas focam-se agora acerca das relações entre racionalidade científica e magia na Idade Média, dado que se interessa na filosofia natural e na física medievais, notadamente as propriedades ocultas, o magnetismo e ao horror do vazio, e também recentemente à questão da utopia científica.
Profa. Dra. Semíramis Corsi Silva*
APOLÔNIO DE TIANA: FEITICEIRO, HOMEM DIVINO E RIVAL DE JESUS CRISTO
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Nesta apresentação, objetivo mostrar como se constituíram duas representações sobre o personagem de Apolônio de Tiana, uma como feiticeiro charlatão e outra como homem divino, no período do Principado Romano. Para isso, irei apresentar como havia uma fronteira muito tênue entre práticas de cunho mágico não consideradas negativas (a teurgia) e o que era tido como um malefício (superstitio, goeteia) dentro daquilo que os antigos gregos e romanos pensavam sobre a magia (ars magica). A partir disso, buscarei também levantar alguns aspectos em torno de Apolônio de Tiana na documentação da Antiguidade Tardia e nos conflitos desse contexto, sendo que uma das representações de Apolônio que a Antiguidade Tardia nos legou foi sua constituição enquanto rival de Jesus Cristo.
*Semíramis Silva é professora do Departamento de História e do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Santa Maria, UFSM. Doutora em História pela Universidade Estadual Paulista, UNESP/Franca. Coordenadora do Grupo de Estudos sobre o Mundo Antigo Mediterrânico da UFSM - GEMAM/UFSM. Entre suas publicações destaca-se o livro Magia e Poder no Império Romano. A Apologia de Apuleio, publicado pela Editora Annablume com auxílio da FAPESP. Pesquisa principalmente os seguintes temas: Magia, Gênero e Usos dos prazeres, imperador Heliogábalo, Síria romana e Sacerdotes castrados no Império Romano.